quinta-feira, 8 de março de 2012

O menino, o deserto e o tempo...

Ontem comecei a brincar, passando o tempo com a areia, que vinha do mar...
brincava de soldado e de ladrão, procurava aventura, ilusão...
Eu mal sabia que tinha um coração, Mal sabia eu que podia me machucar...
Aventureiro o menino, hora herói, outrora vilão, não foi preciso muito pra cair no chão... 


De cima do muro, ou de um pedestal, do meio fio do meu próprio egoismo, que hoje chamo de castelo.
Bastou um sorriso, uma gentileza, um afago, para invadir minha fortaleza pra destruir meu ego.
Foi um simples toque e pronto, já estava perdido de novo, na loucura da sorte alheia...


Pairava como bruma perdida nas montanhas, sem rumo, sem escolha sem saber porque.
Um animal ferido, sedento, faminto, procurava por um olhar, por um sorriso, por um abraço...
Fiquei por lá um bom tempo, passei frio, fome, sede e solidão, cansaço... 


Endureci para não me expor, fingi que não sentia, que não precisava, que não esperava...
Quisera me enganar, me iludiria, pois já sabia que ninguém escaparia, não estava imune, nem mesmo ileso sairia.
Quando ela chegou me em vadio sem pedir licença, nem mesmo desculpas, muito menos sentiu culpa.

Veio de repente, sorrateira, traiçoeira, alegrando a ribeira, más depois se recolheu e foi embora, sem eira nem beira, assim de repente, sem alarde comumente... 

E agora, o que fazer, deixar a inundação se alastrar ou tentar inutilmente conte-la... oque fazer no meio desta enxurrada de sentimentos... que caminho tomar, qual direção escolher...



Aqui estou, com frio e molhado, perdido e sozinho, com medo e louco, louco por amor, louco de desejos,
louco pra te ver. Me sentindo em paz, com a vontade, o desejo de estar, de deitar em teus braços e neles ficar, de me desprender de mim, de me encontrar...


Quando te encontro, me sacio, me acho e me perco no doce sabor dos teus lábios, me conforto no calor do teu corpo, da tua pele, no tocar dos teus cabelos, sem saber que vou me perder por completo no fundo dos teus olhos na insanidade da sua alma...


E agora, exposto estou, onde vou me esconder, perigo corro, como irei me proteger... E quando você for embora, quando não estiver mais aqui, para onde vou...

Quanto tempo dura uma saudade, quanto vale a pena esperar, quanto custa ao coração, E porque tanta dor.... Quanto tempo vai durar... Que sentido tem te amar...

Quando for embora, como vou gritar, se já estou mudo, como saberão que te quero, se estão surdos, onde vou esconder minha tristeza, se não posso esperar e nem quero...


Quando a chuva passar, ninguém secará o chão, estarei sozinho, inundado de sentimentos...

Como as pedras de um lago nas montanhas, molhado, úmido e escorregadio... como um oásis no meio do deserto, seco, quente e mudo, calado, á esperar algo vivo, de passagem, para saciar a sede, ou morrer dela.



Porem depois da tempestade, volto a brincar no tempo, do sol escaldante das nuvens geladas, do inicio ao fim, sem fome, sem sede, nem mesmo dor, apenas vontade, lembranças de nada, de tudo aquilo que não vivi, mas que senti, que imaginei viver que outrora me aventurava...


Só me restará então, lembranças, memórias, resquícios do agora, de um pedaço de paraíso, apenas historias de um menino perdido no deserto, no tempo, e com saudades do seu olhar, do seu sorriso...

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