quarta-feira, 10 de abril de 2013

O PROBLEMA DA JUSTIFICAÇÃO DO ESTADO


Por que devemos consentir em ser governados e em obedecer a regras impostas por uma autoridade externa?
1. O que se entende por teorias contratualistas clássicas?
São teorias que defendem o estabelecimento de um acordo entre vários indivíduos, implicando compromissos recíprocos. A este acordo entre os indivíduos chama-se pacto ou contrato social (porque estabelecido entre os indivíduos de uma determinada sociedade).
2. Qual é a finalidade do acordo?
Este acordo visa alterar uma determinada situação na sociedade que se tornou insustentável, concretamente o desrespeito pelos direitos básicos dos indivíduos, desrespeito esse que gera um estado conflituoso. O acordo vai permitir eliminar ou reduzir os conflitos na sociedade.
3. Que compromissos recíprocos são estabelecidos com o acordo?
Estes compromissos traduzem-se geralmente no seguinte: todos os indivíduos comprometem-se a obedecer a um poder exterior que garanta uma melhoria das relações entre eles e promova um maior bem-estar geral.
4. Que poder exterior é esse a que todos os indivíduos se comprometem obedecer?
Esse poder é o Estado. Neste sentido, o contrato social é uma forma de legitimação do Estado. As teorias contratualistas que vamos estudar são as de Thomas Hobbes e John Locke.
5. Por que razão é necessário, para Hobbes, o contrato social e, por conseguinte, a autoridade do Estado?
Para Hobbes, no estado de natureza, o indivíduo vive num permanente estado de violência e de medo, estado no qual ninguém se encontra a salvo e onde a vida de cada um corre sempre um grande risco. Hobbes sintetizou este estado de guerra permanente entre todos com a seguinte expressão: «O Homem é o lobo do Homem».
Os indivíduos não podem continuar a viver neste estado de permanente angústia e temor. Torna-se necessário o estabelecimento de um contrato ou pacto entre todos os indivíduos que salvaguarde as suas vidas e os seus bens.
6. De que modo entende Hobbes o estabelecimento deste pacto?
Hobbes defende que, para se instaurar a paz e a segurança na sociedade, é necessário transferir os direitos de todos os indivíduos (direitos esses que eram ilimitados no estado de natureza) para uma pessoa que seria o titular desses mesmos direitos. Esta pessoa, o soberano, estaria acima dos indivíduos e deteria um poder absoluto (detém todos os poderes: poder legislativo, executivo e judicial), não se encontrando submetido a qualquer poder ou lei que não a sua.
7. Por que razão o poder do soberano é absoluto?
Para Hobbes, o soberano não se encontra submetido ao contrato ou pacto estabelecido entre os vários indivíduos, porque nesse caso também estaria limitado pelo pacto e, portanto, limitado ao nível dos direitos como os outros indivíduos. Se todos estivessem igualmente limitados nos seus direitos, não haveria ninguém que pudesse governar os outros.
8. Mas não se pode transformar este poder absoluto do soberano num poder despótico?
Hobbes responde que, mesmo que se transforme num poder despótico, os súbditos não têm direito de resistência (a não ser apenas quando o soberano obriga o próprio súbdito a matar-se – porque também esta situação não ocorria no estado de natureza), porque o seu poder lhe foi confiado legitimamente pelos próprios súbditos a partir de um pacto ou contrato.
9. O que carateriza o estado de natureza segundo Locke?
O estado de natureza corresponde à vida sem governantes. Cada ser humano tem o poder de se autogovernar. Ao contrário do que Hobbes pensava, o estado de natureza não é um estado lastimável e completamente negativo, marcado pelo constante medo dos outros, da morte e das agressões que neles teriam a sua origem. Há restrições e deveres que os seres humanos nesse estado são obrigados a cumprir pela sua consciência moral e em nome do seu interesse. Esses deveres e obrigações estão ligados ao facto de haver direitos naturais por todos reconhecidos: os direitos à vida, à liberdade e à propriedade.
10. Por que razão vai ser necessária a autoridade política ou Estado?
O estado de natureza não é o estado de guerra de todos contra todos. Locke não o considera um estado calamitoso. Mas reconhece que pode ser um estado de guerra de alguns contra alguns. Porquê? Porque, embora a maioria dos seres humanos no estado de natureza respeitem os direitos básicos acima referidos, alguns não o fazem. É evidente que cada pessoa lesada ou ameaçada tem neste estado o direito a defender-se e a punir e castigar os infratores. Contudo, nem sempre somos suficientemente fortes para defender e fazer respeitar esses direitos. Assim surge a necessidade do Estado com as suas leis, os seus tribunais e as forças que impõem a sua autoridade. Protegerá as nossas vidas, liberdades e propriedades daqueles que não as respeitam. Vemos por que razão, para Locke, o estado de natureza é insatisfatório: a ausência de leis, tribunais e autoridades policiais não garante aos seres humanos uma defesa adequada dos seus direitos, ou seja, não protege a vida, a liberdade e a propriedade como deve ser.
11. O surgimento do Estado implica que os indivíduos renunciem aos seus direitos naturais?
O surgimento do Estado não significa que os indivíduos renunciem aos seus direitos naturais. Bem pelo contrário, o Estado é instituído para, em caso de violação, defender os direitos naturais. O contrato ou pacto social significa que os seres humanos, naturalmente livres, iguais e independentes, renunciam, não aos seus direitos, mas a fazerem justiça por suas próprias mãos. A justiça privada – muitas vezes impotente – dá lugar, com o Estado, à justiça pública – polícia, tribunais, multas e prisões.
12. A transferência de poderes e de direitos para o Estado que surge do contrato social é ilimitada?
Não. Como é o consentimento dos cidadãos que dá origem à autoridade política, a vontade do povo tem prioridade sobre aquela. O governo é o servidor da vontade dos cidadãos, que, por acordo mútuo, consentiram em confiar-lhe a defesa dos seus direitos e interesses. Para Hobbes, em nome da segurança não havia aparentemente limites ao que o Estado podia fazer. Para Locke, a autoridade do Estado é limitada pelos direitos naturais dos indivíduos. O Estado deve garantir a segurança dos cidadãos, mas isso não pode nunca ser pretexto para violar os direitos naturais dos cidadãos. Os direitos que temos no estado de natureza continuam a existir no estado de sociedade. O Estado não deve tirar-nos a vida, a liberdade e a propriedade. Se alguma lei ou decreto do governo desrespeita direitos fundamentais, então justifica-se a desobediência ou a resistência dos cidadãos.

COMPARAÇÃO ENTRE HOBBES E LOCKE

QUESTÕES

O Estado é uma instituição natural?
Não. Apesar de se poder reconhecer nos seres humanos a aptidão para viverem em sociedade, o Estado é uma construção humana, algo que impomos à nossa natureza.
Não. Apesar de se poder reconhecer nos seres humanos a aptidão para viverem em sociedade, o Estado é uma construção humana, algo que impomos à nossa natureza.
O que é o estado de natureza?
É uma condição da vida humana marcada pela possibilidade que cada um tem de fazer justiça por suas mãos.
É uma condição da vida humana marcada pela possibilidade que cada um tem de fazer justiça por suas mãos.
O estado de natureza é uma condição satisfatória? Porquê?
Não, porque é a guerra de todos contra todos. É um estado calamitoso, anárquico, em que, ameaçada pela possibilidade que cada um tem de fazer justiça por suas mãos, a vida humana é curta e incerta. O profundo egoísmo da natureza humana é a raiz de todos os males e tem de ser controlado.
Não, porque tende a ser a guerra de alguns contra alguns. No estado de natureza não há leis escritas nem órgãos – tribunais, forças da ordem – que controlem e resolvam os conflitos entre os seres humanos. Há direitos individuais, mas cada qual interpreta-os e defende-os à sua maneira. Assim, a justiça privada – cada qual fazer justiça por suas mãos ou fazer o que bem entende – conduz à insegurança e à injustiça.
O Estado é um bem ou um mal?
O Estado é um bem necessário porque garante, em princípio, a segurança e protege a vida dos cidadãos.
O Estado é um bem necessário porque garante, em princípio, a proteção da vida, da liberdade e da propriedade.
Como se dá a passagem do estado de natureza à sociedade política?
Os indivíduos transferem para o poder político todos os seus direitos de forma ilimitada e renunciam à liberdade em nome da segurança e proteção das suas vidas e dos seus bens. Isto porque nenhum mal é comparável a viver no estado de natureza.
Os indivíduos não abdicam de nenhum dos seus direitos naturais, mas transferem para o Estado e seus órgãos o poder de legislar, de executar as leis e de julgar. Em vez de cada indivíduo defender perante os outros os seus direitos naturais, delega no Estado esse poder, atribuindo-lhe a responsabilidade de os proteger.
A autoridade do Estado tem limites?
Em princípio não. Os cidadãos renunciam ao seu direito, a todas as coisas, à sua liberdade natural, e deixam de poder contestar as decisões de quem governa, desde que o poder absoluto assim criado garanta a paz e a segurança. Este é o único dever estrito do Estado: manter a ordem e proteger as vidas que possam ser ameaçadas por forças internas ou externas. A segurança e a ordem são os valores mais importantes.
Como Hobbes pensa que a função do Estado se deve concentrar na defesa da nação e na segurança interna, a sua conceção de Estado deixa aos cidadãos uma relativa liberdade na esfera económica, havendo assim direito à propriedade e à iniciativa privada.
O contrato social garante ao governante poder absoluto para fazer o que bem entender com vista a assegurar a paz e a ordem sociais. Só a sua incapacidade em manter a segurança e eliminar os conflitos justifica que seja contestado e deposto.
Sim. O contrato social não garante ao governante poder absoluto para fazer o que bem entender em nome da paz e da segurança. Há, para Locke, valores mais importantes do que a segurança e a ordem. O direito à liberdade é um deles. Os cidadãos não renunciam aos direitos individuais naturais como a liberdade. Só renunciam ao direito de aplicarem por si mesmos o direito natural de punirem quem desrespeita e viola esses direitos básicos.
Os titulares da soberania continuam a ser os cidadãos – o povo. Este delega o exercício do poder nos governantes, mas, se estes não governarem bem, se não respeitarem e garantirem os direitos básicos dos indivíduos, serão depostos das suas funções.

“bandido bom é bandido morto

Em 5 anos, polícia de São Paulo matou mais que todas as polícias dos EUA juntas

Cultura boçal da sociedade brasileira tende a apoiar os assassinatos cometidos por policiais e prega que “bandido bom é bandido morto

Números apontam que PM de SP mata mais de uma pessoa por dia
Com uma população quase oito vezes menor que a dos Estados Unidos, o Estado de São Paulo registrou 6,3% mais mortes cometidas por policiais militares do que todo os EUA em cinco anos, levando em conta todas as forças policiais daquele país. Dados divulgados pela SSP (Secretaria de Segurança Pública), e analisados pela Ouvidoria da Polícia, revelam que 2.045 pessoas foram mortas no Estado de São Paulo pela Polícia Militar em confronto – casos que foram registrados como resistência seguida de morte – entre 2005 e 2009.
Já o último relatório divulgado pelo FBI (polícia federal americana) aponta que todas as forças policiais dos EUA mataram em confronto 1.915 pessoas em todo o país no mesmo período. As mortes são classificadas como justifiable homicide (homicídio justificável) e definidas pelo “assassinato de um criminoso por um policial no cumprimento do dever”.
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Para Guaracy Mingardi, ex-subsecretário nacional de Segurança Pública e pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a diferença no total de mortes do Estado e dos Estados Unidos se deve à própria cultura geral da sociedade brasileira, que tende a apoiar os assassinatos cometidos por policiais e prega que “bandido bom é bandido morto”.
- Nós temos uma diferença. O júri americano tem uma tendência a inocentar [o acusado] porque ele desconfia do Estado. Aqui, apesar de o nosso Estado ser pior, o júri tende a condenar [o acusado] porque ele considera que, se a polícia pegou, é porque ele tem culpa no cartório.
Mingardi ressalta, porém, que a letalidade em São Paulo diminuiu, embora ainda esteja “fora do aceitável”. Segundo ele, o número de mortos pela Polícia Militar caiu especialmente depois do massacre de Carandiru, ação policial dentro do presídio na zona norte da capital paulista que terminou com 111 presos mortos em 1992. De acordo com o especialista, só naquele ano, foram registradas cerca de 1.400 mortes no Estado.
- Ninguém está advogando que aqui tem que ser como na Inglaterra, por exemplo, que a polícia mata duas, três pessoas por ano. Estamos falando em chegar num nível mais civilizado.
“Lógica de guerra”

Especialista em polícia do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo afirma que existe uma diferença na própria história da Polícia Militar brasileira, que foi consolidada no período da ditadura e criada com o objetivo de defender o Estado de seus inimigos. Essa “lógica de guerra”, segundo Carolina, se mantém até os dias de hoje.
- Até hoje, a Polícia Militar é força auxiliar do Exército. Ou seja, se tiver uma guerra, a PM pode ser acionada. Ao mesmo tempo, ela tem que estar na rua e 99% do que ela faz não é atender crime, mas lidar com conflitos cotidianos, coisas banais.
Carolina ressalta, no entanto, que a polícia vem mudando ao longo dos últimos anos graças ao discurso de direitos humanos. O processo, no entanto, é lento.
- Ainda falta muito, ainda é uma polícia formada para combater o crime numa lógica mais dura. A gente precisa entender que a polícia está se reinventando. Aos poucos, consegue trabalhar em parceria com a sociedade civil.
Mortes x prisões

Para o professor de direito da FGV (Fundação Getulio Vargas) Theodomiro Dias Neto, houve um avanço, mas ainda tímido, no combate à letalidade policial nos últimos anos. Ele compara os números atuais com os da década de 90, quando havia uma média de quatro mortos por policiais por dia no Estado de São Paulo, e afirma que os últimos dez anos ficaram “entre avanços e retrocessos”.
- O número de pessoas mortas certamente não tem nada a ver com eficiência da polícia. Uma polícia eficiente é aquela que faz um trabalho correto na prevenção do crime, com o menor número de mortos e feridos possível. Quanto menor a proporção entre detenções realizadas e mortos, melhor.

O relatório Força Letal – Violência Policial e Segurança Pública no Rio de Janeiro e em São Paulo -, lançado em dezembro de 2009 pela ONG internacional Human Rights Watch, aponta que a polícia do Estado de São Paulo prendeu 348 pessoas para cada morte em 2008. Já a polícia norte-americana prendeu mais de 37.000 pessoas para cada morte em suposto confronto no mesmo ano. O índice de prisões por mortes cometidas pela polícia é 108 vezes menor em São Paulo do que nos Estados Unidos.
Segundo Neto, a eficácia da polícia americana comparada à paulista se dá, entre outros motivos, porque ela é “mais bem controlada”.
- É uma polícia que mata menos e prende mais.
Outro lado

A reportagem entrou em contato com as assessoria da Polícia Militar, mas até a publicação desta notícia, a corporação não havia se pronunciado sobre os dados apresentados nesta notícia.

O dia que durou 21 anos

Essa vai para aqueles, que vivem assistindo novelas globais alienados no capitalismo de consumo e acham que vivem em uma naçao democratica, soberana e livre,,, e para aqueles que vestem camisetas dos eua e se acham descolados demais para abrirem um bom livro de historia e se interar da realidade, por sorte voçes tem o facebook, entao parem de postar asneiras e leiam essa materia, ve se de alguma forma aprendem um pouco com os fatos historicos que nosso povo participou e que refletem muito no tipo de sociedade e desenvolvimento cultural e economico que vivemos...

Agora, eu recomendo também um outro documentário muito necessário, e no entanto negligenciado pelo público, chamado “Cidadão Boilesen”. Este conta a história de um homem que também comprou o Brasil nestes anos nefastos, mas não era um embaixador, era um empresário. É interessante por mostrar como este, e vários famosos empresários tiveram suas ascenções fantásticas neste período graças a uma coligação com o governo ditatorial, alguns até hoje colhem frutos. Mostra o real sentido do porquê chamar a ditadura não só de militar, mas de civil-militar, ou empresarial-militar.

O dia que durou 21 anos – documentário que todo brasileiro merece assistir

Embora muitos já tenham assistido, a esmagadora maioria dos brasileiros infelizmente não viu, o que explica a ignorância e a perenidade de tantas mentiras sobre aquele período histórico, que, meio século depois, a grande mídia brasileira mantém vivas

O que este país mais precisa, neste momento histórico, é de doses cavalares de… Memória. Só revendo o passado é que poderemos avaliar o presente e projetar o futuro. Para tanto, porém, teremos que retroceder no tempo. Voltaremos, neste texto, a cerca de meio século.
Em um momento em que só se fala em “mensalões” – petistas, tucanos etc. –, um documento histórico nos propiciará enxergar o que até hoje permanece nas sombras: o maior mensalão de todos os tempos, bem como coincidências impressionantes entre o ontem e o hoje, as quais continuam a nos roubar a tranqüilidade quanto à democracia que, a duras penas, ainda pelejamos para construir no Brasil.

Lincoln Gordon, embaixador dos EUA no Brasil em 1964 – o homem que comprou o Brasil. (Foto: arquivo)
O documentário “O Dia que Durou 21 anos” (2011) é uma produção da TV Brasil com a Pequi Filmes, com direção de Camilo Tavares, filho de uma das vítimas da ditadura. O material apresenta os bastidores da participação do governo dos Estados Unidos no golpe militar de 1964.
Sim, muitos já assistiram, mas a esmagadora maioria dos brasileiros infelizmente não viu, o que explica a ignorância e a perenidade de tantas mentiras sobre aquele período histórico, que, meio século depois, a grande mídia brasileira mantém vivas.
Esse material imprescindível, que deveria figurar em todos os currículos escolares dos quatro cantos do país, mostra como e por que os Estados Unidos decidiram interferir na política interna do Brasil.
Documentos inéditos e oficiais, amparados em depoimentos de acadêmicos norte-americanos e brasileiros, revelam como, sob o pretexto do avanço comunista em Cuba, os Estados Unidos vieram ao Brasil e compraram, literalmente, políticos, governos estaduais e, acima de tudo, meios de comunicação, que enriqueceram graças à intervenção americana.
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Nunca houve tanto ódio na mídia conservadora do Brasil

Garota grava assédio de homens nas ruas com câmera escondida e causa polêmica

Uma frase dos golpistas manipulados pelo governo norte-americano abre o documentário: “Aqueles que não amam a revolução, ao menos devem temê-la”.
Era a senha para o terror que sobreviria por mais de duas décadas, durante as quais verdadeiros facínoras, travestidos de militares, roubaram a nação ao custo de seqüestros, torturas e assassinatos.
Uma rica coleção de documentos oficiais e confidenciais norte-americanos, que vazaram há poucos anos, comprovam cada letra do parágrafo anterior, narrando, minuto a minuto, a estratégia ianque desde pouco antes do golpe militar de 1964 até o dia 2 de abril daquele ano.
O documentário não trata do desenrolar da ditadura, mas de como os Estados Unidos, através do seu então embaixador no país, Lincoln Gordon, ao custo de incontáveis milhões de dólares compraram consciências e colocaram como seus empregados todos os atores do golpismo que seqüestrou e manteve cativo um país inteiro durante mais de duas décadas.
O Brasil, então uma potência emergente, a maior da América Latina, entregava aos ianques o sangue e o suor de seu povo. Homens como Jango Goulart e Leonel Brizola, porém, ameaçavam os “interesses” da potência estrangeira. E o que era “pior”: eram apoiados pelo povo.
Para eliminar a ameaça “comunista” aos seus “interesses”, sob a crença insana de que a América Latina lhes pertencia os EUA fizeram de seu embaixador no país um agente secreto, alguém que se tornou um dos mais relevantes personagens da história brasileira.
Gordon chegou ao Brasil ainda no governo Jânio Quadros, que renunciaria e deixaria o vice-presidente, Jango Goulart, em seu lugar. O objetivo da nomeação desse “diplomata” fluente em português era, escancaradamente, o de transformar a embaixada norte-americana em um mero departamento da CIA.
Gordon abraçou a causa com ardor. E foi através de seu empenho, das idiossincrasias de um único homem, que a maior potência militar e econômica daquela época transformou em um inferno as vidas de dezenas de milhões de brasileiros.
Para seduzir a elite branca, dona de imensidões de terra, de indústrias e, sobretudo, de jornais, rádios e televisões, as idéias de Jango e Brizola sobre reforma agrária cairiam como uma luva.
Os ianques pouco se importavam com os interesses econômicos dessa elite, mas tais interesses lhes seriam úteis para evitar que uma nação do porte do Brasil se tornasse “Não uma Cuba”, como diziam, mas “Uma China”, dada a já imensa população nacional.
O que mais impressiona em “O Dia que Durou 21 Anos” é o depoimento de Robert Bentley, então assistente de Gordon. Grande parte das afirmações que você acaba de ler foram confirmadas e até relatadas por esse homem.
Se você leu, nos últimos anos – talvez em jornais como Estadão ou Folha ou em revistas como a Veja –, que o governo Lula teria inaugurado uma “república sindicalista” no Brasil, saiba que a expressão nasceu nos momentos que antecederam o golpe de 1964.
Eis a primeira das muitas coincidências que sobrevirão.

Em documentos oficiais do governo norte-americano de então, é dito, explicitamente, que o que deveria desencadear o golpe não seria o interesse dos brasileiros, mas o dos Estados Unidos – ou seja: o golpe foi dado por brasileiros com a finalidade de satisfazer outro país.
O presidente norte-americano era John Fitzgerald Kennedy. Esse que alguns até hoje consideram herói cometeu crimes inomináveis contra nosso país de forma a roubá-lo, nem que, para isso, milhões de brasileiros tivessem que pagar o preço. Para tanto, fez com que a agência de inteligência ianque, a CIA, começasse a expandir suas ações no país, começando por São Paulo.
Empresas norte-americanas concessionárias de serviços como energia ou telefonia tinham suas concessões vencendo em um quadro em que não tinham cumprido as exigências do Brasil para que se instalassem aqui. Dependia do governo brasileiro, portanto, renová-las ou não. Era nosso direito. Mas os norte-americanos só aceitariam uma decisão…
Com efeito, o combate midiático ao tamanho do Estado que se vê ainda hoje começou muito antes. Quando você lê num desses veículos supracitados o inconformismo de editorialistas com essa questão, na verdade está dando uma mirada no passado.
As televisões norte-americanas, então, apresentavam longos programas sobre o risco de o Brasil se insurgir contra seus interesses. E avisavam: “Para onde o Brasil for a América Latina irá junto”.
Abertamente, portanto, Kennedy falava à sua nação que seu governo “não aceitaria” uma decisão eleitoral do povo brasileiro que contrariasse seus interesses. E ameaçava: “Temos recursos, habilidade e força para proteger nossos interesses”.
Os Estados Unidos, porém, não precisariam de tanto. Bastaria usarem a carteira.

Primeiro, os norte-americanos tentaram comprar o povo brasileiro – e os de outros países da América Latina – despejando na região quantidades imensuráveis de dinheiro através de um programa que intitularam “Aliança para o Progresso”.
Segundo Bentley declarou em “O Dia que Durou 21 Anos”, eram gastos em Educação, agricultura, infra-estrutura: “Fale em um setor e ali estava o dinheiro da Aliança”, disse ele.
Não foi suficiente. O dinheiro norte-americano não comprava nem o governo João Goulart nem o povo, que continuava apoiando aquele governo. Assim, sob recomendação de Gordon, os Estados Unidos decidiram que era preciso “organizar as forças militares e políticas contra o governo”.
Kennedy, então, passou a literalmente comprar os opositores de Goulart no Congresso brasileiro, em governos estaduais e, sobretudo, na imprensa. Veículos como o jornal o Estado de São Paulo e O Globo passaram a ser receptáculos de quantidades pornográficas de dólares desembolsados pelos Estados Unidos.
Os beneficiários da dinheirama ianque, em contrapartida, tinham que organizar uma campanha de “enfraquecimento” e de “desestabilização” do governo federal. Para esse fim, a arma mais importante foi a… Imprensa.
Para que os recursos chegassem aos destinatários, uma trama criminosa foi engendrada. O mensalão ianque, que corromperia a imprensa, parlamentares e governadores de Estado como Carlos Lacerda, chamava-se Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (IPES). Escritórios dessa agência do golpe foram abertos em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre.
A imprensa, subsidiada pelo IPES, passou a fazer campanha anticomunista relatando os “horrores” da União Soviética, de Cuba etc. O empenho anticomunista domou Estadão, Globo e Folha, primeiro, através do bolso.
Esses veículos passaram a verter, dia após dia, acusações e críticas de “descalabro administrativo” e de “corrupção” contra o governo brasileiro. Não passava um único dia sem que torrentes de matérias nesses veículos, entre outros, fossem despejadas sobre o povo.
Informações falsas ou manipuladas eram plantadas na mídia, que, como hoje, pouco admitia uma mísera opinião divergente ou dava destaque a desmentidos. E, se dava, era sempre em proporção absurdamente desigual. Sem falar que muitos assuntos eram simplesmente vetados.
A grande mídia de então inundava tudo que podia com propaganda contra o governo. Cinemas, jornais, rádios, novelas. Tudo. Não havia como escapar de coberturas como as que o Jornal Nacional fez diariamente contra o governo Lula e continua fazendo contra o governo Dilma.
Tudo muito bem pago por dinheiro subtraído ilegalmente do erário norte-americano e repassado, mensalmente, aos escritórios do IPES, que, por sua vez, repassavam, além de a meios de comunicação, também a parlamentares, que passavam a votar no Congresso como queria o presidente… Dos Estados Unidos.
Qualquer semelhança com o que se passa hoje não é mera coincidência. Se você acredita em mim, pode parar por aqui. Do contrário, assista, abaixo, a íntegra do documentário “O Dia que Durou 21 Anos”

A história inabalável Editorial do jornal “O Globo” de 2 de abril de 1964, celebrou o Golpe Militar

A história inabalável: Editorial do jornal “O Globo” de 2 de abril de 1964, celebrou o Golpe Militar

Leia a seguir, na íntegra, o posicionamento histórico e irreparável do jornal da família Marinho durante o processo que removeu, à força, um governo democraticamente eleito e instaurou uma ditadura militar no Brasil. Na foto abaixo, a capa do jornal O Globo, celebrando o “ressurgimento da democracia”, um dia após o Golpe Militar.

Editorial de “O Globo” do dia 02 de abril de 1964
“Ressurge a Democracia”

Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.
Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.

Capa do jornal O Globo, celebrando o “ressurgimento da democracia”, um dia após o Golpe Militar. (Reprodução)
Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo.
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O dia que durou 21 anos – documentário que todo brasileiro merece assistir

Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.
Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.
As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.”
No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.
Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.
Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.
A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.
Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.”
Pragmatismo Politico, com Acerto de Contas

1799-18 brumaire de Napoléon Bonaparte

Révolution française vivante, la démocratie vie des gens, vivre la vie!

Thème
1799-18 brumaire de Napoléon Bonaparte.
Auteur
2006 - Ricardo Vilas Boas.
Type
Poème chanté.
Titre
Le Rurina du Fléau.

Ah! Clergé astucieux ... Noble, dominante
Bourgeoisie, les artisans, les paysans, les extras.
En un coup d'Etat, dix ans après la révolution,
1 er a été qui a émergé dans 18 brumaire de Napoléon
A été dominante à la suite peu de temps après ébullition, une
guerre sanglante de grand impact.
Girondins, jacobins, républicains à juste titre,
renverser la noblesse, le sauvetage de l'union.
De la nation française, libres et égaux en composition fraternelle ...
Sera épées prêtes, le sang coulant inégalée.
Major Général volonté devient la capitale suprême qui émerge d'une bourgeoisie latente lueur indéfectible viscérale.
Notre maître, notre bourreau, si loin, si vite.
Egypte monte triomphalement retentissant, déchirer un instant
la doctrine d'un Enfante, galant, fier, intrépide qui prévaut.
A pris possession de la couronne, et tous intransigeance, il entendit l'opérateur alarmante politique.
L'église existait, la bourgeoisie a succombé à la puissance du capital, le passage était épuisé.
Joie nouvelle qui se pose, état neuf, sociale.
Ils suffit de tourner l'ancien régime féodal, et la plèbe, mais qui assombrissait les ombres, le brouillard se lève perdu, oublié.
Si refait à contrecœur confiants dans trapilhos anciennement voraces, symptomatique, maintenant fatigué et apathique, avec l'odeur de la poudre et de sang.
Misérable, malade, sans l'armure, la sagesse, l'amour et la paix.
Refoulée, émoussé, faire profiter de la vie et de l'espoir, de la folie inquiétante, de l'intestin faim.
Vaincu par le courage courage, qui abolit toutes les douleurs et tous les engins,,,, et maintenant que c'est fait, du pain et des jeux, ou fête funéraire et plus de douleur, plus de rancœur ...
Warlord mauvais ne se contente pas de telles souffrances, avec des quotas en excès est dépêches latentes ses armées vers l'avant vers l'Europe qui, une fois s'enorgueillit de gloire encore aujourd'hui immergé dans une mer de sang déflorer la guerre.
Dans la frontière tranchées, échafaudages de la resguardecem plus cruel et supportables, dans les casernes, la torture à l'obscurité
passé d'un million. De victoires et de conquêtes, les gloires du butin, ne reste presque rien ou estimations ou torpeur.
Détruite par l'avidité pour le pouvoir, ces alliances désormais atténué puis, sans raison apparente unir les royaumes de l'Europe, dirigé par la cupidité, au hasard, vendu à l'âme ... La reine Victoria.
Il déposa le fou, une jubilation que le vétéran a été exilé sur une île récente défaite ...
Couplé avec huit cents ans après le parlement dans un acte de délinquance et attentif mouvement régiment faillite résurgente qui était silences voraces, la vengeance, le jugement, souvent, l'incrédulité, qui ressurgit dans l'improvisation, faire des folies sur un avertissement.
Oh rêveur bourgeoisie prétentieux et ressuscité sera de contrer leurs intérêts, leurs valeurs subjugarei ...
La colère bourgeoisie révolutionnaire et d'entendre une ruse devient toante, unisson et fiévreux ...
Là encore, il reviendra, il se trouve, compère mort, je suis là cadavre froid, monsieur déposé sans miseril vanter ...
Alors ...
Une voix déchirante, fait résonner ton de lamentation, les catacombes, lamaçadas, les fissures abyssales, repris par de l'air, la terre et ses entrailles charnelles ...
Ah les nations étrangères, les principautés, traîtres, des multiplicateurs malheurs. accumulation de misères ... Je les hanter pendant des années, mes fantômes vous accueillera et vous servira de guide .... Je n'oublierai jamais, et je ne m'attends pas pardon de vous ... mauvais transmettre les rênes du longtemps guidé la destinée de leurs ganancias ...
Cependant, toujours avoir des réserves sur le rêve, je rêve, mais le rêve sera toujours ... toujours.

Noter
Le bourreau en garde à contrecœur indécis, voir l'âme contrite frappé un regard de joie et de soulagement apparent, rappeler les imprudents qui est pur, au beau milieu de la folie lente, regretter.